Senhor, certa vez, ouvi um sussurro muito forte:
"cada cigarro, cada tragada
é um passo de vitória para os teus inimigos!"
e venci o mal, com heroísmo destacado
e aqui estou, novamente, na mesma emboscada
Dai-me, pois, o dom de firmar-me naquele sussurro
e voltar, com maior veemência, à fortaleza.
Quero, sobretudo, viver o que me foi negado
e que a minha inexperiência permitiu
e não ter que mergulhar na negra ignorância
do deixar-me enlaçar nas redes diabólicas
da tentação destruidora e incapaz.
Senhor, olho a vossa face terna e desfigurada
resultado dos ultrajes que vos levaram à cruz
e se me tirarem o dom privilegiado da vida
como testemunharam querer-me capaz
que não seja eu, entre eles, a criminosa inconsequente.
Também, Senhor, que não veja eu, apenas, o vosso rosto
veja o meu próprio e os dos meus filhos queridos
razões especiais de vidas que quero prolongar
e que seja o último cigarro que eu trague.


Teresina, 07 de fevereiro de 1983.


(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 76.)

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