Aqui, deste terraço pequeno do 2° andar
do Edifício Camaçari, Recife, Boa Vista
contemplo a lua, as nuvens, o céu
os grandes prédios iluminados
as estrelas, o avião que passa
o seu ruído já desaparece ao longe
e a lua se escondeu entre as nuvens
já reaparece pálida e serena
tão pálida como eu, na dor,
da saudade forte que me suga
na vontade de voar até o Piauí
e abraçar a matéria, a forma, a cor
da menina-moça, minha filha
Lílian, grande amor da minha vida.
A voz, a letra, as palavras registradas
já não me bastam, agora, nesta saudade
e nada posso, senão o que tenho
a esperança, pois, do retorno feliz
e levar comigo o filho muito amado
o Giovanni, o menino-homem, do século XX.

Recife, 19 de novembro de 1982.


(Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 73.)


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