DOR REPENTINA
Circunstância má que me faz triste e nela mergulho numa saudade de ti, enormemente, sinto-a, no peito Caso a tristeza não me visitasse sei que não sentiria a tua falta És como algo que se forma, na minha vida somente quando a dor me é insuportável. Por acaso estás vivo e o que fazes? Sabiamente percorres o caminho dos justos ou inversamente o caminho dos maus? Ou porventura estás assim como eu com esta dor repentina a me envolver? Ou és um privilegiado ante o grito de dor disfarçando-se, corajosamente, dela? Como me sinto doída neste instante longe dos meus filhos, tesouros incalculáveis Quedo-me, pois, a buscar-te porque me alivias dos pensamentos capazes de roubar-me a razão. Lanço-te o meu apelo, a minha saudade, a minha vontade Nenhum deles é maior do que a minha desventura de me sentir tão só e tão doída frágil em entregar-me ao pranto maior de deixar-me lavar com as minhas lágrimas e de voar, tão rápido, lá, pro meu Piauí: pobre, seco, quente, porém a minha terra especialmente dos meus filhos queridos um distante, lá, no grande Recife a filha, também, lá, no Piauí e eu aqui sem os dois, no Belém do Pará Saudades terríveis que sinto lágrimas muitas que me devoram dor profundíssima que me atinge e que me fazem procurar-te, com força. Bendigo o fato de lembrar-me de ti porque me impediu de procurar outros ares que me teriam obstruído os pulmões lançando-me nas trevas malditas. Força privilegiada me revestiu do buscar-te onde quer que estejas porque tu trazes calmaria pros meus ânimos. Belém, 09 de setembro de 1982. (Do livro "Caminhos", Teresina, 1986, página 66.) © Direitos reservados.
Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 28/04/2008
Alterado em 08/08/2011 Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |
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