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Correm velozmente as nuvens
Em variados e inéditos desenhos
Na grande extensão azulada.
Flores diversas foram colhidas,
Admiradas, analisadas e amadas,
Colocadas dentro de recipiente e água
Adornando local escolhido
Para Terezinha do Menino Jesus.
As magras árvores ganham alturas
Ao lado dos crescidos buritizeiros
E do nascente e precioso líquido.
O mais, tudo em destacada beleza
Ao voltarmos, o lindo Chevette cinza
Enterrou seus pneus traseiros
No solo flácido e imerso n'água.
Horas passam sem que os nossos esforços
Consigam ultrapassar esta teimosa barreira.
Cansada, entrego a esse mesmo solo molhado,
Nas margens da permitida estrada,
O meu corpo, membros, cabeça e espírito.
Fecho meus olhos e imploro aos céus.
Direciono meu pedido à menina Isabela
Nas providências do chegar em casa
Porque, para trás ficou tudo o que fomos buscar
Inclusive, a Pequenina Amostra do Céu.
Nem mesmo a exuberante natureza
É capaz de remover o lindo Chevette cinza
Do solo arenoso, lamacento e flácido
Porquanto não está o solo mais forte do que as águas.
Decorridas mais horas e esforços humanos
Do esposo Geraldo e do amigo Frederico
Algumas forças também as minhas
No precisar deslocar o lindo Chevette cinza.
O Sol já passa do centro maior, acima.
Trovões indicam que mais água virá.
Continua encalhado o nosso transporte querido.
Após outras tentativas a situação perdura
Depois das quatorze horas e quatorze minutos
Destes vinte e dois de dois mil e oito
Desce uma garoa, por demais, persistente
E ficamos presos às nossas vontades
Que são os nossos momentos gratuitos
No nosso modesto e acolhedor recanto.
Às dezesseis horas e trinta e seis minutos
O Chevetinho se desgarra da prisão evidente
Voltando, pois, à anterior prisão.
Esforços semelhantes foram empreendidos
Até que, felizmente, foi, deveras, liberto
O nosso lindo Chevette cinza
E adentramos a nosso acolhedor recanto
Para gozarmos o merecido descanso.




                               Batalha Piauí, 26 de março de 2008.



 



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Francisca Miriam Aires Fernandes, em "Safra Poética", 1ª edição, CBJE, Rio de Janeiro, 2020 (Página(s) 72-73).
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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 21/12/2020
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