GRANDE RECIFE
Recife Grande, Recife bonito, Em ti, graças dou, por existires, Quase tudo, em ti, é muito bom, Não fosse o inverso da moeda retratada: Criança, do tamanho do meu neto, mais caçula, A mão estirada aos passantes, A língua inquieta, em palavras, Contrárias, totalmente, à Grande Lei. Anciã, no lixo, à procura de alimento. Homem comendo o fétido lixo. Juventude cheirando o que não deve. Irmã, entregando o próprio sangue, Falta-lhe, de alguns, às vezes, a caridade, É sofrido, para o meu ser, este lado da moeda. Enquanto tu cresces, Recife bonito, Com teus prédios tantos, majestosos, à vista As nuvens andantes enchem-se de água E molham toda a tua extensão, E eu, sentindo o meu corpo febril, Refrigero-me com tua água cristalina, Caída acima de minha cabeça. Ó meu Recife Grande, Recife bonito, E o teu Mar, sem beleza maior Aqui, abaixo dos céus benditos, Encontro-me no Parque da Jaqueira. São pessoas que caminham, a passos lentos ou apressados, São plantas, flores, árvores, pássaros, pombos, Infinidades de coisas prazerosas E lágrimas que me banharam inteira. Recife - Pernambuco, 03 de maio de 2004. . . . ............................................................................................. Francisca Miriam Aires Fernandes, em "Safra Poética", 1ª edição, CBJE, Rio de Janeiro, 2020 (Página 24). .............................................................................................. © Direitos reservados. Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 03/11/2020
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