Senhor Deus, o que fazer
Quando estamos, a meu exemplo,
Sem poder viver como gostaríamos,
Ter que ir quando deveria  ficar,
Continuar olhando todo este verde,
Melhor poder olhar o azul do Céu.
Prosseguir na criação de mais poemas,
Alimentando-me sob meus cuidados,
Não sentir a pele tostando.
Indo, posso morrer repentinamente
Ou ficar permanentemente inválida  
Frente às investidas perigosas.
Tudo Te entrego, Jesus, e me coloco
Diante de Tua guarda e proteção maior
Na defesa de minhas frágeis pernas
De minha pele já tão ressentida
De minha mente, que às vezes entontece,
De meus joelhos já desgastados,
De meu caminhar lento, bem lento,
Ainda mais, de meu estado cardiopata.

Batalha – Piauí, 04 de fevereiro de 2004.

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Francisca Miriam Aires Fernandes, em "Safra Poética", 1ª edição, CBJE, Rio de Janeiro, 2020 (Página 22).

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