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Teresina, 19 de janeiro de 1995







             Teresina, 19 de janeiro de 1995


                          Querida Zilda.


             Aos quinze deste, precisamente às 13h37m estamos sobre a ponte do Rio Poty. Rumamos a Parnaíba, cidade de Nossa Senhora das Graças, banhada pelo lindo Mar. No caminhão Mercedes Benz, AB 5560/PI,  dirigido pelo seu proprietário Geraldo, tendo como acompanhantes eu e o Márcio, gozamos das benesses do Céu e da Terra.

             Acima, o azul quase que coberto por densas nuvens e, abaixo, o verde, o asfalto, a pista dupla, até certo ponto. Diversos carros trafegam para lá e para cá. Rampas e descidas acentuadas, no decorrer da viagem. As subidas, naturalmente, desafiam a força do motor do veículo transportador. A carga é, também, preciosa, trata-se de nós, criaturas à semelhança de Deus e trigo, alimento divino às pessoas e aos animais.

             Constatamos, também, carnaúbas, mangueiras e outras espécies, nas margens da Rodovia, ou melhor dizendo, da BR 316. Casas bonitas e outras menos bonitas, ornamentam a paisagem. O mais abundante é o verde que me faz lembrar o Pará. Terra de vegetação esplendorosa. Saudosa sou da nossa Belém do Pará.

             Às 24h e 12m nos preparamos para repouso, bem como o nosso, também, querido caminhão. A cama me comporta e o Marcinho. O Geraldo ocupa seu espaço, para dormir, em rede própria, dentro, também, da cabine. Fiquei, ainda, entregue às minhas reflexões. Contei algumas estrelas e admirei todo o firmamento, isto é, a parte que meus olhos foram capazes de obter. A Lua, dando-me a impressão que se deslocava juntamente com as estrelas. Mas não é que as nuvens eram que se movimentavam rapidamente. Poucas já existiam, mostrando-me um Céu maravilhoso, com muitas estrelas e a cálida e misteriosa Lua. E as poucas nuvens existentes faziam desenhos variados, inéditos, tendo a Lua como peça principal.

             Chegamos a Parnaíba muito cedo do dia 16 e, após descarrego do trigo na Padaria Massa Fina, na rua Caramuru, passamos à praia do Coqueiro, justamente às 10h18m. Já podemos dizer que o progresso nos oferece realidade parecida com as cidades desenvolvidas. É a praia do Coqueiro, com suas lindas casas e belíssimo Mar, às vezes, as ondas bem baixas e por considerável tempo, que se assemelham às das praias de Ilhéus-Ba. Por mais que elas fiquem valentes não ficam àquelas impetuosidades das ondas da praia do Futuro, nessa cidade de Fortaleza-Ce. É bom frisar que nas ondas da praia do Futuro deixo-me balançar e as enfrento porque gosto. Delicio-me intensamente naquele balançar divino. Entrego-me inteira como se a minha própria liberdade consistisse no Mar. Até digo que se o Mar fosse homem o Geraldo seria traído. É a minha grande aventura aqui, na Terra. Os meus irmãos, no Grande Recife, gracejam comigo acerca do assunto. Mas o Mar não é um rival. É, por conseguinte, caridoso, sem atropelos e prejuízos morais. É divino em toda a sua plenitude. E a divindade é suprema e virtuosa, somente vida nos oferece. Vida é prosseguimento, é progresso material, espiritual e moral.

             Aqui, na praia do Coqueiro, em Parnaíba-Piauí, temos, em fase de acabamento, o Hotel Barramares que, ainda, possui várias casas, por vasta área. Tudo ao lado do magnífico Mar. Conseguimos adquirir um local aprazível e breve, muito breve, se Deus quiser, conseguiremos construir uma pequena casa. Conseguimos adquirir uma apólice de direito permanente, sobre os efeitos do Hotel Barramares. Graças ao Senhor Bom Deus por tudo o que somos e possuímos, os amigos, enfim, todas as realidades benéficas.

             A sobrinha amiga

             Miriam.



                                       * * *

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Do livro “Mensagens para A. Tito Filho”, Edição da autora, Teresina, 1997, páginas 55, 56 e 57.

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 03/08/2011
Alterado em 03/08/2011
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