Caminhos

 

Poemas e Prosa



Textos

VIAGEM - ABAETETUBA/PARÁ


                                       . . .


             Em 01.8, após repouso, chegamos em Bacabal. Adiante, tem um lugar aprazível e bom, almoçamos para, em seguida, abrigarmo-nos sob uma majestosa mangueira. O vento é real e os verdes galhos da árvore amiga balançam em música suave.

             Dentre as músicas gravadas ficamos a ouvir os tenores Carreras, Plácido Domingos e Luciano Pavarotti, que nos transmitem sublimidade total.

             Sem que possamos chegar em Gurupi, divisa do Maranhão e Pará, hoje, 02.8, ficamos encalhados, semi-eixo quebrado, tamanho esforço do esposo Geraldo e do caminhão. Trecho totalmente danificado, resultando maior esforço e sofrimento para todos que trafegam por aqui, principalmente para os motoristas. Novamente minha narrativa, a exemplos anteriores, não ficou apenas repleta de coisas boas, dando continuidade ao episódio sofrido. A fileira de carros, de toda espécie, é imensa e nós, do caminhão Mercedes Benz AB-5560 após rebocado, por boa vontade dos presentes, com forte cabo de aço e dois carros pesados, conseguimos sair da depressão. Aguardo, no dito caminhão, providências que o esposo se dispôs a tomá=las, no sentido de ir até a cidade mais próxima, de carona, para adquirir a peça que fará o caminhão se movimentar. A fileira parece interminável e agora, por volta das 11h, é que, devagarinho, alguns carros já conseguem passar. Para isso está sendo empregado esforço supremo dos prejudicados. Não existe mais asfalto, são abaixamentos lamosos e perigo iminente. Felizmente o vento está forte e não padeço de calor, na cabine, à espera do almejado retorno. O trecho mais debilitado é justamente na BR-316 – PARÁ-MARANHÃO, no lugar Maracaçumé, próximo à Polícia Rodoviária. Segue assim desde o começo do ex-presidente Sarney. É verdade que justamente na sua gestão foi feita uma reforma precária.

             Não precisou que o esposo Geraldo fosse até a cidade mais próxima pois um caminhoneiro batizado por Miguel Azevedo, amigo, se dispôs e no seu carro pequeno nos apanhou a peça faltosa, por vários quilômetros. Dada essa providência, chegamos às 18h na cidade de Gurupi.

             Realizado incessante trabalho, todos conseguiram ultrapassar, com seus respectivos veículos, o obstáculo que se fazia intransponível e que pouco melhorou.

             Mais uma noite acrescentada e em 03.8, às 6h, estamos à espera de que sejamos colocados e o caminhão, mais outros, sobre a balsa e ganharmos o rio Guamá, na Belém do Pará, com destino à cidade de Abaetetuba. Antes disso, para chegarmos aqui percorreremos considerável parte do abel viário de Belém, dando-nos quase total visibilidade do centro. Lá, prédios altos e casebres miseráveis aqui, de madeira. Alguns em melhor aspecto. É chegado o momento de nos dirigirmos à balsa e o espaço da terra até lá é de acentuada inclinação e, em marcha-ré os caminhões são submetidos a verdadeiros impactos. Estamos sendo levados e o sol doura a água. Bonitas ilhas e também o riuo tem maré. Um rebocador sofisticado, conduzido por vários homens, como guia um farol do outro lado. Durante 1h10min para chegarmos ao Porto Fluvial de Arapari. Agora estamos a percorrer a estrada que nos levará ao verdadeiro destino. O verde é totalmente brilhoso. A estrada, como não é novidade, grande parte em estado lastimável. Percorremos 50km para chegarmos à rua Barão do Rio Branco, 1496 – Abaetetuba-Pará. O pôr do sol é divino, hoje, 03.8. Sua cor vinho se espalha pelo céu até às 18h30min. Por toda sua trajetória fez questão em mostrar sua presença. Número expressivo de pessoas de esplendorosa beleza. É a cidade das bicicletas. Os que dirigem carros são orientados, principalmente pela Igreja, de que trafeguem prudentemente no respeito, como merecem, aos ciclistas e pedestres. Um dos padres, que aqui vivem, distribuiu muitas bicicletas à população. Deixamos esta cidade, sua gente e tudo o mais às 19h para, novamente, empreendermos a volta para casa. Chegando ao Porto, duas grandes fileiras de carros à espera da travessia. Chegada a nossa hora e de muitos outros, desci do carro e, próxima das águas, na balsa, apreciei todo aquele magnífico espetáculo. O vento me banhou inteira, completando com uma bela chuva. Veio o frio e depois me aqueci. Tudo foi muito bom e nos restaurou as forças. Merecidos jantar e dormida, na Capital do Pará. Chegamos em Teresina em 05.8.


             Atenciosamente,

             Francisca Miriam.

                                       * * *

..............................................................................................

Do livro “Correspondências de A. Tito Filho para Francisca Miriam”, Edição da autora, Teresina, Gráfica e Editora Júnior Ltda.,1995, páginas 81, 82 e 83.

..............................................................................................

© Direitos reservados.


Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 25/03/2011
Alterado em 25/03/2011
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


 
Site do Escritor criado por Recanto das Letras