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Defesa dos caminhoneiros




                                       Teresina,   de julho de 1988


             No propósito de garantir a sobrevivência é que, na qualidade de brasileiro, em nome da classe de caminhoneiros, à qual pertenço, encabeço esta, em que constarão, ao final, assinaturas diversas de companheiros de profissão, considerando:

             1) – que, a exemplo de muitos companheiros, foi-se a juventude e os anos pesando nos ombros, continuamos a transportar cargas pesadas entre perigos e desconfortos;

             2) – que 70% (setenta por cento) da categoria de transportadores, no âmbito nacional, é de caminhoneiros e de carreteiros (transportadores autônomos), na dependência dos dirigentes das transportadoras e dos donos de cargas, que não valorizam esses trabalhos, ignorando a elevadíssima manutenção dos veículos fretados, com pagamentos irrisórios, cargas exorbitantes e forte concorrência;

             3) – que, com exceção de algumas poucas balanças existentes, as quais encontram-se fechadas, é urgente a implantação de balanças e funcionamento das mesmas, pois o excesso das cargas deprecia os caminhões e provoca estouro dos pneus, bem como que exerçam trabalhos, nas respectivas balanças, pessoas idôneas, evitando supostos subornos dos dirigentes das transportadoras e dos donos de cargas. Como exemplo, pois, da necessidade de implantação de balanças, vejamos a BR 316 – PARÁ-MA, justamente a que liga o Norte ao Nordeste do Brasil, onde é concentrado o maior fluxo de cargas da região, no intuito de evitar abusos do excesso de peso da madeira sem a constante fiscalização do IBDF, no que concerne à espessura da referida madeira, resultando o dobro, muitas vezes, do real limite da carga para a qual o caminhão foi fabricado;

             4) – que, ao serem estabelecidos, pelo governo, reajustes de fretes, ficar especificada a percentagem devida aos transportadores de cargas, evitando-nos a mísera parcela que nos cabe por parte dos dirigentes das transportadoras e dos donos de cargas. É público e notório o alto custo da manutenção dos veículos e, como se não bastasse, nós, motoristas, somos prejudicados, vítimas de lesões na coluna vertebral, levando-nos, muitas vezes, à incapacidade física e à impossibilidade da conservação dos nossos veículos de transportes;

             5) – que é comprovada a exploração inescrupulosa sobre nossas pessoas que, cortando estradas – e vezes nossos próprios corações, - longe do convívio social e das famílias, ainda não chegamos em casa com frutos equivalentes aos nossos árduos trabalhos;

             6) – que, finalmente, sejamos valorizados e atendidos em nossas reivindicações, ao tempo em que exista um órgão de defesa dos nossos direitos, nós que tanto contribuímos para o crescimento do país, a exemplo da renda do ICM, e que, como filhos de tão rico e grande Brasil, precisamos viver dignamente, gozando, também, das riquezas existenciais do solo pai, agraciado pela incomensurável beleza do firmamento.


             Atenciosamente,


             Geraldo Jesus Fernandes de Carvalho

                                       * * *

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Do livro “Correspondências de A. Tito Filho para Francisca Miriam”, Edição da autora, Teresina, Gráfica e Editora Júnior Ltda.,1995, páginas 78 e 79.

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 24/03/2011
Alterado em 24/03/2011
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