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Relato de viagem - Salvador-BA, 20 de junho/89





                                       Salvador-BA, 20 de junho/89


             Prezado professor Arimathéa.


             Apesar de desfrutar de muitas coisas e de conhecer outras pessoas maravilhosas e simples, a  saudade é latente dos que aí ficaram e por isso mais uma vez estou a escrever-lhe também.

             Retornamos a Salvador, seguindo para Recife, Natal, João Pessoa, Fortaleza e Piauí. Ainda desfrutamos, no Estado do Espírito Santo, das cidades de Setiba, Guarapari, Anchieta, Linhares e um aconchegante recanto: Campinho, e respectiva cidade. Ontem paramos em Itabuna e Ilhéus-BA, esta última terra da Gabriela. Cuja cidade possui uma vegetação extraordinária e praias parecidas com as do litoral piauiense. Lamentavelmente não temos máquina filmadora. Somente a Cláudia e Carlos Alberto, com suas máquinas, filmaram momentos nossos e cuja fita a temos.

             Deixamos, pois, o Estado do Espírito Santo, com seu Convento de Nossa Senhora da Penha, com seus morros de mistérios infindáveis, com suas curvas tamanhas de mistérios também, com suas praias salgadas de águas oceânicas, a Serra, a bela Serra. Quando, na Serra, o sol forte não vinha sobre nós, a neblina era visível a olho nu. Percorremos o rio Doce e a ponte que divisa Linhares mede 630m. Muitos caminhoneiros nas estradas e entre as orações verbais escritas nos pára-choques dos volantes escolhi estas: Aids e frete barato não quero pegar; Vida sem férias, Transportando inocentes para saciar a fome de pecadores. Os longos campos e pontos concentrados de vegetação para permanência de oxigênio, que já sofre a terra a devastação das florestas pelo homem. A estrada até Salvador é consideravelmente boa. A de Recife a Maceió é justamente a de pior condição.

             Em Salvador percorremos as praias de Jaguaribe, Placa For, Flamengo; Lago de Abaeté; Praia de Itapoã; Parque Infantil; ruas em nome de letras; Farol de Itapoã; Costa do Sol; Hotel Praia do Sol; Hotel Paulus; Rua Piauí; Rua Pará etc. Amanhã procuraremos a Igreja do Senhor do Bonfim e tudo que pudermos.

             Professor, mando-lhe mostruário do Convento de Nossa Senhora da Penha onde, caminhando de pés descalços, lá em cima, me senti em paz para rezar. É realmente uma maravilha. A parte mais estreita é totalmente calçada de pedras e pensei nos heróis que a fizeram. Existe a estrada para os carros. O cheiro da mata é contagiante, tudo, enfim.  É Vila Velha com seus mistérios. Chegando em Recife é que porei esta nos correios.


             Atenciosamente,

             Francisca Miriam.

                                       * * *

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Do livro “Correspondências de A. Tito Filho para Francisca Miriam”, Edição da autora, Teresina, Gráfica e Editora Júnior Ltda.,1995, páginas 74 e 75.

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 24/03/2011
Alterado em 24/03/2011
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