CHUVAS DENTRO DA NOITE
Dormindo, sentia que gotas serenas saltitavam no teto que me abrigava. Gosto de chuva que cai. Cheiro de terra molhada. Acordei. Constatei que a chuva era real. Nada além das gotas inúmeras fazia barulho. Silêncio... Silêncio... Meu coração, dentro da noite, entre as gotas e o silêncio, pulsava tão alto que se assemelhava ao ampliado tique-taque de um relógio. Mas relógio que sente! Relógio que ama! Relógio carente da presença de quem não sei o que faz nem como se encontra: CHUVAS DENTRO DA NOITE É imprescindível o cair da chuva abaixo das palhas. Nas telhas. Na terra. Vê-la descer, olhando-a atenta. Contar-lhe as gotas. Ouvir-lhe a música. Sentir cheiro de terra molhada. Vontade de unir corpos, almas, espíritos. Banhar-se total o corpo, cabeça e membros. Sentir-se lavada. Puramente lavada. Hoje, na noite, sai este poema. É chuva que cai. É saudade doída. Ânsia de te ter nos braços, perenemente. Afagar-te os cabelos, o corpo inteiro. Percorrer todos os teus caminhos e ganhar o direito único de te ter sempre. Mas quem posso ter com segurança, que não seja exclusivamente o Filho do Homem? * * * .............................................................................................. Do livro “Caminhos Mais”, Edição da autora, Teresina, 1995, página 50. .............................................................................................. © Direitos reservados.
Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 24/01/2011
Alterado em 30/09/2013 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |
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