Vasta Belém do Pará
Vejo-te bonita, grande, fecunda
Tocam-me tuas coisas diversas
A exemplo de homens em séria labuta
Jorrando suor lavando-lhes os corpos
Desprovidos totalmente de proteção qualquer
São jovens e idosos, trabalho igual
Machucados seus corpos impiedosamente
Valentes são, conseguem sorrir
Eis o teste da capacidade mental
O mau patrão suga-lhes as forças
A eternidade não é privilégio de todos
E eu, Belém, já afogada no suor alheio
Jogo-me nos teus fortes braços
Quisera poder voar bem alto
Não voltar aos ditames do dia
Percorrer toda tua extensão
Do Maranhão/Piauí/Brasil inteiro
Brasileira sou, deste País sofrido
Serias o melhor, o bem melhor, Brasil,
Se exterminados teus filhos ingratos
Conscientes somos de realidade contrária
Em grau extremo de ricos e pobres.


Belém, 1987.


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Do livro "Caminhos Ainda", Edição da autora / APL - Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 20.

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